quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Simplesmente AMOR

Simplesmente AMOR

Manoel Peres Sobrinho*

1. Rocha Eterna.

À luz dos Evangelhos, amor não é a definição de um sentimento à margem da realidade e dos

fatos... Antes, é ação, é gesto, é comprometimento. É uma atitude bondosa e provedora em direção

ao outro. E, como diria o teólogo brasileiro Leonardo Boff, principalmente, do outro mais outro.

Assume características reais, existenciais. Livre dos conceitos e preconceitos que aprisionam

sua verdadeira essência. Livre dos desgastes semânticos. Livre das ideologias de classe. Livre dos

conceitos romanescos. O amor caminha livre por sua própria vontade.

Não tem fronteiras. Não se compromete nunca, a não ser com a sua própria natureza e destino.

Capaz de banhar todas as dimensões do infinito e de inteirar-se do mais recôndito da alma humana.

Não ter cor. Não adere a lobbies. Está além da cultura. Prende-se somente à simplicidade e

liberdade. É inteiramente indomável. Quando compreendido é cura para todos os males; quando,

porém, negligenciado deixa uma lacuna que com nada se pode preencher.

O amor é sentimento a ser aprendido. No ato de um pedaço de pão que se entrega ao esfomeado.

Na atitude silente daquele que escuta quem precisa falar. Na terra que se permite sem coerção,

cultivar. No trabalho que se remunera, sem onerar. Na crítica que se ouve, sem esbravejar.

Atitudes, gestos, movimentos. Teologia do corpo. Liturgia da alma. Fé que se expressa em atos:

misericórdia, compaixão, empatia, sofrimento compartilhado. Interesse transparente daquele que

ora, chora, geme. Não fica inerte, mas... age.

O amor é sempre um caminho livre onde todas as imperfeições se igualam. Onde as virtudes

se somam. Um lugar seguro onde há liberdade para estacionar a própria existência, sem medo de

perder tempo ou tornar-se ridículo. Onde o alquebrado encontra forças. O miserável encontra honra.

O forasteiro encontra casa e abrigo. Onde todos somos réus e vítimas. Onde o Universo se esconde

num aceno. Onde não há criminosos. Onde todos somos culpados.

Quem ama, ensina Charles Brown, encontra na liberdade do outro (que é segundo as

circunstâncias serenidade, equilíbrio interior, coragem, confiança, plenitude de vida, coerência,

iniciativa, alegria...) a razão da própria felicidade.

Martin Luther King o descreveu como um protesto: Não digam que sou um Prêmio Nobel. Isso

não tem importância. Digam que fui o porta-voz da justiça. Digam que procurei dar amor, que

O bispo anglicano John T. Robinson, autor da famosa obra Honest to God, o delineou como

solução: Se os nossos olhos forem simples, diz Robinson, o amor acabará por encontrar um

caminho, o seu próprio caminho em cada situação.

Quando, pois, os homens se servirão do amor para resolver suas próprias diferenças?

Para todos os cristãos, um dilema: Amamos de verdade ou, então, mudamos nosso discurso!

(*O autor é mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universiade Presbiteriana Mackenczie).

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